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Muito já tem se falado sobre a importância da comunicação para a efetividade de um programa de compliance. Com todos os escândalos de corrupção que assolam o País, é bem provável que o tema “comunicação” já tenha subido um pouco no ranking de prioridades quando trata-se o compliance das organizações. Entretanto, há que se observar a diferença significativa entre comunicar e engajar.

Não é uma tarefa muito difícil ou dispendiosa colher a assinatura de colaboradores e terceiros para demonstrar que estão cientes de que a empresa possui um código de conduta. Há alguns que defendem que esse ato já é comunicar. Questionável. Evoluindo um pouco, não há como dizer que ao reunir todos os colaboradores em um ambiente e realizar uma palestra sobre a existência do código de conduta a organização não esteja comunicando sua existência. As perguntas são: as pessoas estão efetivamente entendendo o que lhes foi apresentado? Elas compreendem o que é esperado delas em todo o contexto, ou melhor, elas se veem como parte desse programa de compliance? Nunca seremos parte daquilo que não nos envolve.

As motivações das pessoas são muito distintas; têm relação, por exemplo, com seu histórico e estilo de vida, com sua posição hierárquica e com seus próprios valores. Se não entendemos com quem estamos falando, não falamos para ele(a), falamos para nós mesmos. E esse é o maior problema que vemos na comunicação das organizações. Estão, na maioria do tempo, falando para elas mesmas, representando alguma liderança, orientando-se por um determinado nível de conhecimento, por suas próprias preferências e por suas próprias necessidades. Nesse viés, talvez possamos dizer que a empresa até comunique suas mensagens, mas, definitivamente, não envolve, não engaja suas pessoas com seus propósitos.

A efetividade de um programa de compliance tem a ver com o real envolvimento de suas pessoas com o propósito de fazer o que é certo e de forma certa. Elas precisam, antes de mais nada, acreditar nas intenções da organização e se reconhecerem como agentes desse processo, ainda que seja de mudança. Para isso, é preciso incutir a cultura de orientar a comunicação pelo olhar do outro, e esse outro é o seu colaborador, o maior ativo da sua empresa.

Andréia Gomes
Fundadora da AGomes Marketing e parceira da LINC
agomes@agomesconsultoria.com.br

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