In Estratégia

O mercado de capitais brasileiro está passando por um momento importante de recepção de investimento estrangeiro novo que traz consigo alguns compromissos que exigem uma transformação na maneira como as empresas se comportam, o que por sua vez deflagra uma demanda por Conselhos e Conselheiros conectados com uma agenda de preocupações diferente da de algumas décadas atrás.

 

O investidor estrangeiro tem se mostrado mais atento ao impacto que o seu investimento pode causar na sociedade e no meio ambiente e alerta para uma estrutura de cultura ética que permeie a governança empresarial. Estes temas chamados de ESG – Environmental, Social, Governance – começam a se tornar prioritários e as companhias são requisitadas a divulgar informações cada vez mais claras, consistentes, precisas e auditáveis. 

 

Some-se a isso o crescente engajamento das empresas com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODSs) da Agenda 2030 da ONU. A própria B3 promoveu o “Relate ou Explique para os ODSs”, uma iniciativa voluntária aberta a todas as empresas listadas, incentivando a publicação de relatórios de sustentabilidade ou integrado levando em conta os ODSs, com o objetivo de fomentar o seu entendimento e sua incorporação progressiva à estratégia das companhias listadas.

 

O ESG e os ODSs estão criando oportunidades de negócios.

 

É nesse cenário que desabrocha o olhar inovador do colegiado que está direcionando a estratégia de negócios da empresa; o cuidado com processos mais robustos que possam garantir a existência, guarda, fluxo e comunicação de informações acuradas aos investidores.  Esse mesmo colegiado irá orquestrar a inserção estruturada do conflito durante as reuniões de modo a atuar como um “advocatus diaboli” e a identificar o “cisne negro”, ao mesmo tempo que se empenha em alcançar soluções win-win.

 

Novos tempos exigem novas atitudes. O mercado de capitais está se adaptando às exigências de um dinheiro novo importante para o país e, da mesma forma, o esforço de adaptação já chegou às salas dos Conselhos. 

 

O Conselheiro deve ser curioso, sempre atrás de boas e novas ideias. Dizer que ele se preocupa com a sustentabilidade do negócio e a longevidade da companhia é pouco; hoje a exposição a riscos relacionados a ESG, ODSs e temas reputacionais se intensifica a cada dia e a empresa do futuro deve ter a consciência de que estes assuntos já se tornaram mainstream.

 

Sendo um estrategista, o Conselheiro tem a obrigação de se conectar com as gerações futuras. A partir daí algumas pautas passam a ter mais visibilidade como a atenção para inovação, geração de impacto positivo na sociedade, vínculo com o propósito dos colaboradores e dos demais stakeholders e a definição do propósito da própria companhia, além do destaque de alguns valores como empatia, senso de justiça e acolhimento do próximo.

 

É pensando no florescer desse ecossistema que nasce o Conselho de Alta Performance para tratar não só dos temas acima como também de tudo o mais que possa afetar o bem-estar coletivo, das pessoas e das empresas.

 

É o Conselho engajado em ser agente de mudança para uma cultura corporativa sustentável, longeva, rentável, e, sobretudo, de impacto positivo. 

 

Ana Paula P. Candeloro

Maio/2020

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