In Estratégia

O cenário atual trouxe luz a um tema essencial no se refere ao posicionamento das marcas e à forma com que elas se “relacionam” com o mercado: a cultura e o propósito corporativo.

 

Este momento é bastante propício para uma reflexão. São só algumas poucas perguntas para iniciar um exercício que está longe de se esgotar por elas:

 

  • Por que iniciamos o nosso negócio?
  • Por que trabalhamos onde trabalhamos?
  • Por que fazemos o que fazemos… todos os dias?
  • Por que as pessoas gostam (ou não) de trabalhar com a gente?
  • Por que nos orgulhamos (ou não) do que fazemos… todos os dias?

 

E como resultado das respostas às perguntas acima, qual o nosso impacto individual e da nossa organização na sociedade?

 

É compreensível e esperado que a liderança empresarial esteja preocupada com os reflexos da pandemia causada pela Covid-19 em seus negócios, mas considerando que a “tempestade” é a mesma para todos, chama-nos a atenção a forma com que algumas organizações estão se diferenciando em suas iniciativas por evidenciarem empatia e compaixão.

 

Como exemplo, muitas marcas que têm se diferenciado neste momento expandiram e até mesmo mudaram (temporariamente) suas atividades de forma a melhorar a situação de outras pessoas, sendo elas clientes ou não, demonstrando alto nível de engajamento social. A essência do propósito como centro da estratégia do negócio é que o outro nos importa mais do que nós mesmos e é por isso que muitas dessas marcas têm ocupado um lugar privilegiado na mente dos consumidores, conforme pesquisas recentes.

 

Em seu livro “Comece pelo porquê”, Simon Sinek traz o conceito do círculo dourado, sistematizando a razão porque algumas pessoas e organizações são mais inovadoras, admiradas e lucrativas do que outras. A obra nos instiga a um novo método de pensar, agir e comunicar com o propósito de criar impacto no mundo.

 

Para Sinek, o que distingue essas pessoas e organizações líderes é o senso de propósito que elas têm para além de sua atividade-fim. Pela lógica do círculo dourado, temos 3 esferas, de dentro pra fora: Porque, Como e O que. De uma forma ou de outra, todas as organizações sabem dizer o que elas fazem, algumas sabem explicar como fazem, e bem poucas sabem o porquê do que fazem. Já as pessoas e organizações inspiradoras sabem exatamente o porquê desenvolvem um produto ou serviço, e partem desse propósito para chegar ao que fazem.

 

Considerando o modelo decodificado por Sinek, na imensa maioria dos casos, a hierarquia no processo é, basicamente, a mesma: de fora para dentro; ou seja, a empresa define toda a sua estratégia de negócio a partir do que faz. E acredita que é por isso que manterá seus colaboradores e clientes atuais, e atrair novos. Ledo engano.

 

O propósito é o que nos diferencia de fato e, em um mercado tão competitivo e desnivelado em termos de precificação, é a única estratégia sustentável para as organizações, de todos os setores.

 

Não estamos dizendo que o ganho financeiro, o lucro, não tenha relevância – sem isso, o negócio simplesmente não existiria. Mas esse deve ser o resultado de uma entrega com significado bem maior. Tem a ver com o impacto positivo que causamos na vida das pessoas, sejam elas colaboradores, clientes, parceiros e tantos outros públicos com quem a marca se relacione, lembrando que a marca é construída a partir da experiência gerada pelas pessoas que a representam – que são absolutamente todos os seus profissionais, da base ao topo da pirâmide.

 

É sobre isso o que fala o propósito. E é isso o que realmente vai diferenciar as marcas nos dias de hoje e quando esse capítulo “Coronavírus” terminar.

 

Andréia Gomes

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