In Compliance

A captação de recursos de qualquer empresa no mercado pode ser feita de diversas formas, sendo que, regra geral, todas elas dividem-se em dois grandes grupos: dívida ou equity. A captação por dívida consiste na operação financeira em que a empresa tomadora do empréstimo se compromete a restituir aqueles valores acrescidos de juros. Esses recursos serão apurados em decorrência da rentabilidade gerada com a aplicação eficaz do dinheiro emprestado. Já a captação financeira por equity é a obtenção de recursos por parte de uma sociedade em troca de parte do seu capital social, ou seja, o recebimento de dinheiro por uma empresa em troca de suas cotas ou ações. Como dito, existem várias modalidades de financiamento por dívida e operações de equity para levantamento de recursos, mas, em última análise, a empresa que consegue dinheiro no mercado traz junto uma dívida ou um sócio.

 

Dentro da captação por equity, existem várias formas de levantamento de recursos, próprios e de terceiros, a depender da maturidade empresarial e do modelo de negócios da sociedade (p. ex.: FFFs, family offices, investidores profissionais e anjo, aceleradoras, fundos de participação, venture capital, holdings familiares, de investimentos e o mercado de Private Equity). Empresas com um grau de solidez empresarial maior, com modelos de negócios mais maduros, provados e validados no mercado são aquelas que podem estar sujeitas à um investimento de Private Equity.

 

Para melhor compreensão – e tradução do termo para a lingua portuguesa na realidade brasileira -, o Private Equity seria a participação acionária de empresa não listada em bolsa. Ou seja, aquele investimento em sociedade empresária de capital fechado, que não tem ações negociadas em bolsa de valores mobiliários (geralmente uma limitada ou SA fechada; essa confusão se dá em razão de “empresa pública” no Brasil ser aquela sociedade com participação, total ou parcial, nas mãos do poder estatal, sendo que na lingua inglesa as “empresas públicas” são aquelas cujas ações podem ser adquirida através da bolsa de valores, ao passo que as “empresas privadas” são todas aquelas que não tem capital social aberto ao público no mercado mobiliário). 

 

Ao contrário dos investimentos feitos no mercado financeiro (em SAs abertas), onde as informações sociais são mais transparentes e acessíveis – geralmente dispondo até de um departamento próprio de relacionamento com os investidores -, no mercado de Private Equity o acesso às informações empresariais é muito mais reservado, dependente do relacionamento pessoal do investidor com os gestores da empresa target. Há, portanto, uma opacidade de informações sociais, gerenciais, contábeis e financeiras. A transação de participação de empresas não listadas em bolsa, portanto, depende muito mais do elemento humano, da capacidade de negociação e da percepção de oportunidade comercial dos envolvidos na operação.

 

Para o empresário que deseja levar o seu negócio a um possível investidor em Private Equity, além do compartilhamento das informações contábeis, dados históricos, projeções e dos números da empresa que não estão disponíveis ao público, é necessário apresentar didaticamente a oportunidade comercial e financeira daquele investimento (geralmente por meio de um business plan). Devem ficar claras para o investidor as razões de busca daqueles valores, posterior alocação das quantias levantadas, as metas, o posicionamento de mercado a ser alcançado após aquela injeção de recursos e a perspectiva de retorno do capital investido. Além disso, é necessário frisar aos interessados a lisura, o comprometimento com as regras de probidade, compliance, transparência e, principalmente, deve-se ressaltar o valor do capital humano da equipe de sócios e colaboradores da empresa que prende receber o investimento em Private Equity.  

 

Neste tempo de incertezas, de crise financeira decorrente de uma situação sanitária gerada por uma pandemia mundial, as oportunidades de mercado para este nicho de Private Equity parecem ser terreno fértil para iminentes negociações e transações profícuas. Esse cenário positivo se apresenta tanto para o investidor que persegue opções de negócios validados e rentáveis, quanto para as empresas que buscam, desde uma simples forma de sobrevivência nestes tempos, até aquelas que se planejaram para atravessar este período, com estratégias pensadas e metas de crescimento pós-pandemia. 

 

Em um panorama de derretimento do mercado financeiro, a busca por uma oportunidade de investimento em empresas com um modelo de negócios já validado e que tragam o retorno pretendido “casa” muito bem com aquele empreendedor que precisa de uma plataforma de apoio para suas estratégias, aquele que se afogou ou ficou ancorado nas águas desta crise global. É necessário ressaltar que, nesses casos, os empreendedores devem demonstrar uma disposição e revelar um perfil compatível com o investidor privado, uma vez que esse vínculo empresarial constitui um verdadeiro “casamento”. 

 

Existem consultorias, como a LINC, especializadas nesse “matrimônio”, ou seja, prontas para auxiliar no fechamento desses negócios, desde o network com investidores, até a preparação da empresa para captação de recursos e investimentos, trabalhando na produção de documentos e levantamento dos dados necessários para redução da opacidade de informações, mitigando os riscos que envolvem uma operação dessa natureza, cujos frutos geralmente só serão colhidos a médio e longo prazo.

 

Emmanuel Guedes Ferreira

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