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Faz algum tempo que não publico artigos aqui no LinKedin, mas o motivo principal nem é o que para a maioria das pessoas poderia ser a falta de tempo de escrever. O principal motivo é que já tem tanta gente escrevendo sobre compliance, que combinei comigo mesmo que só voltaria a escrever algo se fosse para agregar valor ao tema de compliance, que fosse fazer a diferença, não apenas pelo sentido de ser diferente ou inovador, mas para contribuir no dia a dia dos profissionais sérios que atuam em compliance.

Bem, fiz uma autoavaliação do texto abaixo onde me sentir seguro que estaria ajudando alguém com o seu conteúdo, nem que seja para trazer uma reflexão sobre compliance através de um ângulo diferente. Espero que a minha autoanálise tenho sido correta e aguardo o comentários de vocês para me certificar disso.

Boa leitura!!!

Quantas vezes já lhe perguntaram, ou até mesmo você tenha se perguntado, o quanto o compliance pode ser bom para o negócio? Quantas vezes você apresentou casos de organizaçãos que foram bem sucedidas com suas estratégias de compliance, mas alguém de sua organização comentou: “aqui é diferente”?

A expressão que dá nome ao título dessa publicação “Diga-me quanto ganharemos que te direi o tamanho do investimento ” talvez seja máxima que mais representa a gestão dos negócios atualmente. Podemos concordar ou não, mas o fato é que este é o canal de diálogo mais eficiente para inserir uma conversa estratégica com as organizações sob qualquer tema. Não poderia ser diferente para o caso do compliance na maioria das organizações.

Neste sentido, precisamos nos debruçar para tentar entender qual o retorno que o compliance pode trazer ao negócio. Precisamos apresentar exemplos de riscos e oportunidades do compliance dentro dos negócios das nossas organizações.

Essa análise de riscos e oportunidades somente será útil quando os tomadores de decisão percebem fazer algum sentido para o negócio que dirigem, na mesma perspectiva de tempo que estes são cobrados pelos resultados. Em outras palavras, se são avaliados pelo curto prazo apenas, pouco adiantará apresentar riscos e oportunidades de compliance de médio/longo prazos. Na maioria dos casos, isto não funciona.

Nenhum negócio produz resultados contínuos se não estiver alinhado com a sociedade de seu tempo e se não reconhecer a tendência de sua evolução. Portanto, ser integro e transparente é estar alinhado a esta sociedade, suas demandas, seus desejos, suas contradições. Uma organização não conseguirá se manter (seja no curto, médio ou longo prazos) se não entender de que sociedade estamos falando. Parece óbvio quando dito, mas convenhamos, não é isto o que muitas organizações feito ou priorizado.

Mas não é muito inteligente de nossa parte lutarmos contra a maré. É claro que precisamos, sempre que possível, tocar na nota “uma organização sem visão ética e transparente não se sustenta, assim como uma sociedade não se mantém sem uma conduta ética. Tocar nessa nota é como fixarmos uma marca em nossa trajetória de compliance na organização: todos vão se lembrar, mas poucos se sensibilizarão e mudarão de fato no presente, no curto espaço de tempo.

Logo, como o queremos é fazer que o compliance avance dentro dos limites possíveis, onde puxamos a corda até o limite, mas sem rompê-la, vejo que algumas mudanças na forma como tratamos deste tema devam ser consideradas. Devemos não apenas mirar no longo prazo, mas sim passar a adotar estratégias mais adequadas ao foco do foco de nosso cliente interno, dos tomadores de decisão.

Se a realidade que vivem, se a forma como são cobrados está intimamente ligada ao curto prazo, como podemos trazer questões de curto prazo relacionadas ao compliance que possa significar algo de concreto para uma ação efetiva?

Não nos esqueçamos que, há não muito tempo, muitas questões eram consideradas de longo prazo e são hoje uma realidade, como: as cotas para deficientes e portadores de necessidades especiais, as questões de assédio moral e sexual, questões relacionadas a gases de efeito estufa, os licenciamentos ambientais para obras de infraestrutura e de alto impacto, a participação da sustentabilidade nos espaços de notícia, dentre tantas outras.

O desafio de todos que trabalham com compliance é identificar temas que façam sentido no contexto das prioridades das lideranças. Podem ser no curto, médio ou longo prazos, não importa. O importante é encontrar uma forma de entrar na agenda a partir de assuntos relacionados ao contexto da organização que possam, primeiramente, representar oportunidades (afinal, é muito melhor tratarmos destas – agenda positiva) e depois, os riscos. Sejam nas oportunidades ou nos riscos, repito, é importante que façam sentido para as lideranças.

Finalizando, se quisermos construir um programa de compliance efetivo, são estes os fatores que devemos levar em consideração. Não adianta “importarmos” modelos de fora. É imperativo analisarmos e criarmos o nosso próprio modelo, mediante uma análise dos negócios da organização, seja pela ótica da oportunidade, seja pela ótica do risco.

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