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São muito interessantes as diversas definições e conceitos que encontramos sobre líder. E a maioria do que lemos e ouvimos parece fazer sentido. Tantos livros e artigos tratam o tema, de forma técnica e até poética; manuais que indicam receitas que deram certo com homens e mulheres de sucesso, orientações de estudiosos e pensadores de renome.

Tudo isso muito válido. Mas, analisando a definição ou conceito sob a ótica dos liderados, o que será que aprenderemos? Certamente, outro tanto de definição, e daria para editar outros manuais interessantes.

De qualquer forma, gostaria de dividir um sentimento que sempre tive em relação à liderança. Penso que um líder só consegue exercer seu papel de líder se não abrir mão de também ser par. Quando o líder estiver pronto para “descer do pedestal” e unir-se ao liderado em sua dor, dificuldades e alegrias, eis que reconhece-se o líder.

Por vezes, sabemos de colaboradores que sentiram-se sozinhos em meio à tormenta porque seu chefe, muitas vezes preocupado em manter a sua própria posição, esquivou-se de um problema que o liderado “criou”, abandonando-o à própria sorte ou, para “resolver” o problema de forma mais simples, demitiu-o. Não me refiro às falhas recorrentes, à insubordinação, falta de comprometimento ou quaisquer outras justificativas de um desligamento legítimo. Falo da atitude do chefe (que não é líder) que vê e usa seus liderados como peças para manter-se em sua posição. Se uma peça está arranhada, ainda que todo o seu material seja nobre, descarta-a e troca-a por outra qualquer, que também possa ser trocada, eventualmente, nessa engrenagem que trabalha para manter tão somente a cadeira do chefe.

Isso remete a algo um tanto maior, na minha opinião meramente pessoal, de conduta, princípios e valores. É fato que um líder pode estar arriscando sua própria pele ao defender o que é certo, ao apoiar o funcionário em sua dificuldade, ao “tirar” de seu tempo para entender a pessoa do funcionário. Isso porque muitas organizações também não estão interessadas nesse aspecto, digamos, meramente humano – a despeito de seus programas inspiradores de RH.

Recordo-me sempre de um processo de seleção em que, na fase de análise de perfil psicológico, um candidato tecnicamente formidável apresentou um potencial desvio (significativo) de comprometimento. Aquilo me chamou muito a atenção e fiz questão de mantê-lo no processo e entrevistá-lo. Resumindo a história, o jovem era mesmo formidável, mas um acontecimento recente em sua família o “tirou do eixo”, em suas próprias palavras. A oportunidade de olhar em seus olhos e pelos meus expressar “estamos no mesmo nível aqui; somos gente”, o fez se abrir com confiança, porque ele sabia – e eu também – que sua natureza não era aquela. Ele foi contratado e até hoje o admiro como pessoa e profissional. Quando contratamos pessoas, isso acontece: problemas, fraquezas, falhas, dores; e também alegria, entusiasmo, responsabilidade, comprometimento – sim, isso tudo caminha junto; estão todos lá, acionados por esses incríveis sistemas que são o nosso cérebro e o nosso coração.

Essa expressão “tamo junto” é formidável quando colocada em prática entre o líder e o liderado. Se precisarmos sentar um ao lado do outro para montar uma planilha, um PowerPoint, preparar material para um evento ou qualquer outra coisa que um chefe possa achar menos nobre: “tamo junto”.

Gostaria muito de aprender mais com experiências práticas de “liderança”. Se tiver alguma e queira compartilhar, coloque-a aqui nos comentários.

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